Uma porta aberta pode dar acesso a uma série de coisas boas. Pode-nos permitir a passagem para a felicidade suprema, por exemplo. Ou então pode levar-nos a um local feio e escuro e não dar acesso a nada de bom, mas o que interessa é que uma porta aberta dá sempre acesso a qualquer coisa e isso, só por sí, já é positivo. Quem escolher entrar faz as suas opções depois.
Uma porta fechada pode-nos escudar de coisas más, ou pode-nos impedir de obter as coisas boas que queremos e assim trazer-nos infelicidade. Mas pelo menos está fechada e nós sabemos que por ali não se passa mais. Com a infelicidade uma pessoa lida (melhor ou pior).
Mas portas fizeram-se para estar ou abertas ou fechadas. Entreabertas é que não!
Com uma porta entreaberta nós não sabemos se podemos ou devemos (e muito menos se queremos) tentar entrar e ver o que está do outro lado.
É que podemos ter uma boa surpresa e encontrar algo que nos traga a tão almejada felicidade, ou podemos levar com ela na cara quando a vamos empurrando, a medo, para espreitar o que se esconde por detrás dela.
E como uma porta aberta pode sempre ser fechada (facilmente) e uma porta fechada pode sempre ser aberta (embora raramente o seja e não seja nada construtivo esperar que tal aconteça) faça-se como dizia o outro “decidam-se, decidam-se!”
Ontem levei com uma das tais portas entreabertas na cara. Não foi uma surpresa, mas foi doloroso como o raio e até algo cruel. E apesar disso pode ter sido exactamente o que estava a precisar. (Ou pelo menos assim o espero. Daqui a uns tempos saberei).
Veio tarde, muito tarde, andei demasiado tempo às voltas da porta que supunha entreaberta (mas que afinal estava fechada, com uma pintura tromp-l’oeil a fingir-se de aberta, a malvada!).
Acho que devia ter sido mais bruto logo de início (ou melhor, no fim) e ter logo gritado um “feche a porta se faz favor!”
Mais uma lição de vida. Mas irra! Porque é que essa gaja é tão bruta a dar as lições?
P.S. – sim, são 9h27 num Domingo e estou a escrever um post. Tal como fiz ontem. E já estou acordado há um bom bocado. Começo a ficar farto da minha companheira nocturna… Tantas razões boas para não dormir (e com tantos nomes bonitos) e logo eu tinha de ficar entalado com a Insónia… :-)