Hum… Que posso dizer sobre o concerto de Lenny Kravitz/Macy Gray?
Bom, para começar posso dizer que Macy Gray esteve com um som mesmo, mesmo muito mau e que, mesmo que não tivesse sido por isto o concerto dela foi bastante mauzinho.
A presença em palco dela é praticamente nula e, à excepção dos músicos dela que até são bastante bons foi uma desilusão enorme. Sobretudo porque eu até gosto dela em CD…
Quanto ao nosso amigo Kravitz, das duas uma: ou ele estava a gozar com toda a gente ou então é a personificação exacta do Tony Silva (para quem não se lembre ou não saiba - Herman José n’O Tal Canal).
O homem conseguiu surpreender em vários níveis:
Em primeiro lugar tem um setup extremamente simples que consiste em 4 (por vezes 5) pessoas em palco, sem adereços estranhos nem elaborados. Faz a festa com um guitarrista, um baixista, uma baterista e, por vezes um saxofonista. O jogo de luzes é muito simples e tem um painel por trás onde projectam cenas também muito simples. Já fazia saudades ver um rocker assim;
Depois tem um grupo fabuloso, todos os músicos que tocam com ele são muito bons mesmo e ele, embora não seja nenhum génio na guitarra, tem uma voz forte e canta muito bem ao vivo;
Em terceiro lugar as músicas são boas. Ele optou por não fazer o concerto todo com as lamechices comerciais que passam na rádio e começou numa onda de rock bem pesado.
Mas depois vêm as coisas más:
Um som bastante mauzinho que os técnicos lá melhoravam de vez em quando, mas à medida que iam subindo o volume ao longo do concerto começou a haver distorção por todo o lado e raramente se conseguia ouvir alguma coisa mesmo como deve ser;
Uma falta de ritmo assustadora no espectáculo todo, ele parava no fim de cada música e ficava N tempo com os assistentes de volta dele a tirar adereços de cima dele, a ligar-lhe a guitarra, a mudar entre as N guitarras que ele tinha, simplesmente a olhar para o ar… Com excepção de algumas transições porreiras (tipo American Woman para Are You Gonna Go My Way - a cargo da baterista, não dele) o espectáculo parava totalmente entre músicas muito mais tempo do que seria de desejar e, pior de tudo, o homem é um verdadeiro artista do teledisco! No fim da primeira música já ele estava a dizer como amava os portugueses, como era inacreditável que nunca tenha cá vindo antes, a fazer-se demasiado emocionado para tocar, “chuif, chuif, vocês são os maiores, chuif!” e daqui foi sempre a piorar. Ainda a multidão não tinha aquecido já ele estava a fazer poses de braços abertos tipo Deus, já estava a pôr-se em poses de herói montes de tempo, enfim, parecia mesmo tirado de um vídeo da MTV. E o pior, o que deprime mesmo, é que o público engolia aquilo tudo e ficava histérico.
No meu tempo áureo de concertos ;) os músicos primeiro mostravam o que valiam ao vivo e passado um bocado, se fossem bons, tinham o público na mão. Aqui não, ele apareceu tipo “sou o maior, adorem-me, mas até sou benemérito o suficiente para vos achar também o máximo”. A sensação que dava era que ele estava a gozar com o pessoal ou então que tinha aprendido tudo sobre presença em palco com o maravilhoso David Hasselhoff.
Resumindo acho que foi uma pena, o concerto tinha tudo o que era necessário para ser um grande espectáculo de rock (músicos brilhantes, músicas boas, uma assistência porreira) mas a falta de jeito do Lenny estragou tudo. Resta-me o consolo de saber que a fazer telediscos para a MTV o homem deve ser o maior!