Foi no sábado à noite que vi pela primeira vez Elvis Costello ao vivo.
Também é natural, a última vez que esteve em Portugal foi à 25 anos e aos 6 anos de idade não era meu hábito assistir a concertos de música ao vivo… :-)
Não sou conhecedor da obra dele, conheço uma música por outra e gosto, mas fui a este concerto sobretudo para benefício da Tuxa.
No entanto saí de lá convertido.
O concerto teve dois músicos, o Elvis e o pianista actual dele -cujo nome me escapa- e, na sua essência, 3 instrumentos: o piano, a guitarra (sobretudo acústica) e a voz. Houve algumas aparições de outros instrumentos (guitarra eléctrica, harmónica, até acordeão) sempre tocados apenas pelos dois, mas a grande maioria do concerto foi mesmo baseada em piano voz e guitarra.
E em relação à voz há que dizer isto: o concerto teve um pouco mais de duas horas e meia de duração e quase no final, ou seja após estar cerca de duas horas e meia a cantar praticamente sem parar, o Sr. Costello sai da frente do microfone, vem para a beira do palco e canta uma música inteira totalmente sem microfone. E ouvia-se perfeitamente em todo o Coliseu dos Recreios. E não teve uma falha. Ele sabe cantar!
Em relação às músicas, como disse, não sou conhecedor do seu repertório, mas deu para perceber que ele é um compositor genial. Tirando algumas excepções pontuais a música dele é realmente complexa, sem ser inatingível (tipo aquele Jazz que só os conhecedores conseguem perceber e apreciar). O acompanhamento do piano muitas vezes eram verdadeiras peças clássicas que valiam por si só, mas com a voz dele, as letras e até um acompanhamento ou ritmo de guitarra muito simples ficam verdadeiramente geniais. Por outro lado ele tem também música mais experimental que dá muito mais trabalho a digerir. Mas quem é que tem pressa?
Acho que é de certa forma apropriado que eu tenha “descoberto” Elvis Costello num concerto ao vivo, da forma como se fazia estas descobertas “nos bons velhos tempos” (antes das mega-máquinas promocionais das editoras nos enfiarem as bandas que querem pela goela abaixo a toda a hora). Ele é um músico dos “bons velhos tempos”, por isso há uma certa sensação de justiça poética em relação a isso.
Vou ter de começar a coleccionar a discografia dele. O público era composto na maioria por conhecedores e verdadeiros apreciadores e eu percebi porquê.
Elvis Costello: recomenda-se.