Robbie Williams no Pavilhão Atlântico

Posted on October 21, 2003

Assisti ontem ao segundo concerto da tornée de Robbie Williams em Portugal.

O resumo para os mais apressados é que foi um concerto espectacular. Apesar de não ser grande fã das músicas o espectáculo vale a pena e foi um dos melhores shows que vi desde há muito tempo, com poucas falhas a apontar.

Quem tiver paciência e curiosidade pode continuar a lêr…

Comecemos pela espera…

Naturalmente as portas abriram um bom bocado antes do concerto e claro que estávamos todos à espera de apanhar a seca do costume com músicas da treta e nada mais para fazer enquanto não começasse o concerto.
Errado! Tivemos direito a boa música e a dois painéis de vídeo com vídeos alternativos muito giros para as músicas. O tempo passou bem depressa e sem me dar conta da coisa já estávamos a começar o concerto da banda de suporte.

E a banda escolhida para suportar Robbie Williams em Portugal foram os alemães Reamonn. Uma banda muito boa ao vivo (descobri eu ontem). Com músicas tipo Rock clássico ou Rock FM (uma guitarra, um baixo, uma bateria, teclas e o cantor -a formação mais clássica possível) mas com uma presença muito forte e com uma comunicação muito boa com o público. Um som muito certinho em palco, havia qualquer coisa de Placebo neles ou mesmo de Bon Jovi (já estou a sentir o calor das flames que isto vai atrair…) que ao vivo é sempre bom.
Começaram 15 minutos antes da hora marcada e ainda tocaram uns 45 minutos sempre com músicas boas e a saber manter o interesse do público.
Em termos de bandas de suporte foi do melhor que já tenho visto, para o tipo de espectáculo em causa.

E aqui fica o primeiro ponto negativo da noite: com o som preparado para o concerto principal houve um eco brutal durante o concerto de Reamonn que chateava mesmo muito. Pena!
Aliás, isto era claramente uma banda de suporte, tiveram um palco muito pequeno, com meia dúzia de luzes em duas ou três cores e pronto. Como dizia o Vasco, até uma banda de bailaricos tem mais luzes e adereços do que eles! :)
Mas também uma banda de rock clássico como eles não precisa de muitos enfeites, isso viria a seguir…

E depois o prato principal…

Já tinha ouvido dizer que Robbie Williams era sobretudo um entertainer e por isso não foi grande espanto ver que ele é realmente um verdadeiro show-man. E ainda bem porque em termos puramente musicais digamos que ele não vai deixar uma grande marca para a posteridade, mas adiante…

É engraçado como o ego do menino não cabia no pavilhão (nem em Lisboa toda sequer) mas neste caso isso não foi um factor negativo. Ao contrário de outros casos o Robbie (gostam do ar de intimidade?) sabe como utilizar o seu próprio ego e fazer um espectáculo muito divertido onde ele sabe comunicar muito e muito bem com o público, sempre com muito humor.

Ele é o verdadeiro one-man-show e a banda dele, apesar de muito boa mesmo, não passa disso mesmo “a banda do Robbie Williams” porque ele capta todas as atenções naturalmente.

E pronto, lá tivemos o espectáculo do bad-boy da pop, com músiquinhas conhecidas da rádio (e que valem o que valem, não vou entrar por aí) que se ouvem bem e que dão aso a um bom show em palco, com uma banda razoavelmente grande e bastante boa, com bailarinas (será mais apropriado chamar-lhes coristas, mas enfim) e com uma energia que não acabou até ao final.

E ele canta muito bem, toca guitarra muito mal, mas sabe perfeitamente disso e goza que nem um perdido, é um actor de primeira e sabe aqueles movimentos e truques todos que só uma boyz band pode ensinar.

Pode-se dizer que ele é um potencial sucessor do saudoso Freddie ou do Elton John de há uma data de anos atrás. Vamos ver como evolui…

Em suma foi um concerto razoável, mas um espectáculo fabuloso. Ainda bem que fui!

E agora as partes más, que também as houve:

  • Será que não há maneira de se ter um concerto com bom som em Portugal? Bolas, o som estava, desde a primeira música até ao final, estúpidamente alto, mas isso não é o pior, o pior mesmo é que com um som tão alto num recinto fechado perdia-se totalmente a noção da música como um todo, por vezes desaparecia a voz dele, o coro só se ouvia quando fazia partes mais importantes e lhes levantavam ainda mais o volume delas, a secção de metais não se ouvia, as teclas só de vez em quando… Ainda bem que o ponto forte do espectáculo não era a música, porque se fosse teria ficado muito desiludido com o concerto;

  • À saída do que se revelou uma noite muito bem passada e divertida é muito chato ficar quase uma hora para sair do raio do estacionamento. Bem fez o Santana Lopes mais as suas Santanetes que tinham o belo carro à espera dele mesmo à porta do pavilhão e aposto que não ficou retido nas filas como o resto do pessoal. É bom saber que os meus impostos são bem aplicados! :)

E pronto, foi uma bela noite, um bom espectáculo e entre as duas bandas um concerto muito razoável. Obrigado à Tuxa e, sobretudo, à Sofia por me terem convidado e convencido a ir ver. Valeu bem a pena!

Update: Pelo que se pode ver aqui e aqui o espectáculo de segunda-feira foi quase igual ao de domingo, com as mesmas piadas, o mesmo “espanto” pela maravilha de público (embora ele tenha repetido N vezes que o público de domingo não tinha sido nada de especial), enfim, como se esperava é mesmo tudo um show, até as partes mais “improvisadas”. Tem de se admirar um artista assim! :)