Yoga - caminho e... mais caminho?

Posted on October 29, 2003

Já não sei ao certo há quanto tempo comecei a praticar yoga. Já foi há quase um ano, certamente.
E entretanto, enquanto me apercebo de melhorias claras em alguns aspectos há uns pontos que me deixam bastante desesperado.
Ou melhor, há um ponto em particular que não consigo que evolua de forma alguma e que se reflecte e condiciona uma série de outros pontos e é por isso que se torna desesperante.

E o pormenor em que não consigo evoluir é exactamente aquele que sempre foi o meu ponto fraco em qualquer actividade física ou desporto que tenha practicado: a flexibilidade.
Desde sempre que desportos que requeiram força não são um problema grande (dentro de certos limites, claro, mas limites razoáveis).
Outros há em que o essencial é a coordenação e também nestes me costumo saír de forma satisfatória.
Os que requerem controlo de respiração e doseamento do esforço não são problemáticos de todo.
Agora se o que é preciso é flexibilidade, então está tudo estragado!

Provavelmente isto deve-se a muitos anos de ciclismo e natação, anos em que o que trabalhei foi essencialmente a capacidade muscular das pernas, porque é aí que se nota mais a falta de flexibilidade.
Talvez o facto de ser um carnívoro convicto (nestes dias já nem tanto, mas durante muitos anos fui) também tenha algo a ver com isso e muito provavelmente também se deve pura e simplesmente à minha constituição ser assim, mas o facto é que sou uma miséria neste campo.

E isso no yoga é particularmente mau, porque me impede de fazer uma série de coisas como deve ser.

Uma prática de yoga costuma seguir uma determinada sequência que, embora possa variar muito (e por vezes isso acontece de facto) é regra geral algo como: mantra-pranayama-asana (não necessariamente por esta ordem), por vezes ainda tatraka, seguidas de relaxamento e finalmente meditação. E aqui está o busílis da questão, embora as componentes iniciais variem bastante a ordem, em geral a prática acaba com relaxamento e mesmo no final temos então a meditação.

Ora o mantra, se fôr feito no início, tudo bem, ainda estou “fresco” e por isso consigo fazê-lo relativamente bem na posição de sentado (e ainda estou a falar de uma postura básica - muktasana, nada de coisas mais avançadas como padmasana -a meia postura de lótus- nem pensar ainda nisto).
Quando passamos para pranayama começo a sentir fadiga na posição e começo a ter de mexer as pernas um bocado mais do que era suposto.
Durante os asana a coisa pode correr bem ou mal, comforme o tipo de asana que estamos a practicar mais nesse período. Se fôrem essencialmente asana de equilíbrio, por exemplo, tudo óptimo, se forem de torção ou de força, menos mal, mas se forem de flexão (posteriores, anteriores, laterais ou o que fôr) está tudo estragado.
E depois disto então, vem o relaxamento feito em shavasana (que é sempre bom, claro :)).

Mas depois vem a meditação.
Feita sempre (ou quase) em posição de sentado -sempre muktanasa, para mim.
E o problema é que depois de toda a prática não consigo de maneira nenhuma ficar em posição por mais de 2 ou 3 minutos! Nem pensar em manter a coluna direita (direita? já me dava por feliz se me sentisse confortável com ela toda arqueada, quanto mais…) e quanto a manter os joelhos baixos perto do chão, isso é para esquecer logo.
E rapidamente começam as pernas a tremer e tenho de as esticar por uns minutos para depois voltar a tentar dobrá-las, etc.
E quem é que se consegue concentrar e fazer meditação durante esta luta?

A parte que me chateia mesmo é que por causa de um detalhe físico estou a perder uma série de coisas que já poderia estar a fazer bem melhor e não posso fazer muito mais do que já faço - ir tentando melhorar aos poucos.
Não estou habituado a ter dificuldades que não consiga resolver de forma mais ou menos radical mas decisiva e passado quase um ano sem grandes melhorias neste campo começo a questionar-me sobre a real possibilidade de não vir a melhorar e pronto…

A parte boa é que as invertidas estão, em geral, muito melhores, os asana que implicam arquear a coluna para trás estão muito melhores, os asana de equilíbrio invertidos estão também a melhorar rapidamente e graças ao pranayama já tenho um controlo da respiração muito mais afinado do que tinha somente com a natação. Mas ainda assim o meu ponto fraco está mesmo muito fraco.

Eu sei que o yoga é um caminho e um ano é apenas um começo, mas estou a ficar com a sensação que este caminho é sempre a subir e não tenho um mapa para o verificar…

Enfim, isto também pode ser por ter vindo particularmente cansado da prática de hoje… ;)